Projeto cultural na Zona Norte do Rio de Janeiro promve a contação de histórias em praças públicas onde a grande atração é o coreto: símbolo da construção dos laços de sociabilidade do povo carioca. As aulas abertas ficarão a cargo do professor e historiador Luiz Antônio Simas.
Confira esse delicioso passeio pelos cantos de um dos bairros mais boêmicos do Rio de Janeiro através de seus butiquins
(...) em 2010, essa história ganhou um capítulo novo e fundamental. Para não ser fechado, o Sat´s foi comprado por um de seus mais fiéis clientes: o Sérgio Rabello ou, para os amigos, o Serjão. Foi ali que o conheci. O sorriso, a simpatia, o chapeuzinho na cabeça (eis aí uma sintonia!).
Por causa do Serjão, ir ao Sat´s virou rotina quase diária. Dele e, depois, da Elaine e do Raoni, mulher e filho do velho boêmio, figuras a quem se vê à distância se tratar de grandes cariocas.
Toda vez que aparece uma seleção brasileira jogando um futebol um pouquinho melhor, lá vem a insistente comparação: “quem é melhor? A equipe de Tite ou o esquadrão de 82”. A minha resposta: não sei. Mal entendia de bola aos meus oito anos, mas vejo claramente que a atual prática ludopédica parece até um outro esporte se comparada ao que se via nas canchas há 35 anos. O ano de 1982 e a Copa do Mundo — motivo de tantas reminiscências, sorrisos e lágrimas — entraram na minha vida menos pelo que se viu nos gramados, e muito mais pela aura sugerida ao Rio de Janeiro naquele comecinho dos anos 80 (...)
Há 40 anos, o Império Serrano enchia o Rio de felicidade com seu Bum Bum Paticumbum Prugurundum. Da beira da Marquês de Sapucaí, um menino de oito anos ganhava um novo sentido na vida graças ao êxtase daquela gente humilde que pisava firme naquele asfalto quente com uma só missão: honrar aquele histórico pavilhão verde e branco que merecia voltar ao pódio das grandes campeãs do carnaval carioca.
Definitivamente, eu não era um garoto normal aos seis anos. Enquanto a molecada da minha geração queria ganhar discos com as tradicionais historinhas infantis, meu interesse era apenas em carnaval. Esperava o dia de ganhar aquele álbum anual das escolas de samba como se fosse a chegada do Papai Noel. E logo na segunda oportunidade em que esse roteiro ganhou vida, pela primeira vez me apaixonei por uma música. O título era pomposo: “Das Maravilhas do Mar, Fez-se o Esplendor de uma Noite”. David Correa era um dos compositores. E começou ali, mesmo sem que eu tivesse noção, uma idolatria por aquele que se tornaria o maior compositor da Portela.